O mês de outubro de 2025 começa com fortes indícios de que o controle da SAF do Botafogo pode sofrer transformações drásticas. As decisões judiciais envolvendo John Textor, a Eagle Football Holdings e investidores terceiros — como a Iconic Sports — indicam que o proprietário americano está numa encruzilhada que pode culminar no seu afastamento ou na reestruturação societária do clube.
Contexto da disputa societária
A controvérsia entre Textor e os acionistas da Eagle gira em torno de decisões tomadas unilaterais por parte do empresário, contrariando cláusulas de governança da holding. Sócios acionistas apresentaram ação para que Textor responda judicialmente por atos que, segundo eles, causaram “danos irreparáveis” à imagem e ao patrimônio do clube.
Em resposta, Textor já apresentou garantias à Justiça de que não vai transferir suas ações da SAF para paraísos fiscais, como as Ilhas Cayman, e que vai manter seu controle, pelo menos a princípio.
No entanto, a holding Iconic Sports aguarda um veredicto na Justiça britânica que pode lhe dar maioria no conselho administrativo da Eagle, colocando Textor em risco de perder controle operacional sobre o clube.
Impactos financeiros e operacionais
A disputa já afeta diretamente a administração da SAF. O balanço financeiro de 2024 revelou um resultado negativo de R$ 299 milhões, o que eleva as preocupações com a sustentabilidade do modelo de negócio adotado pelo clube.
Além disso, o impasse impede decisões relevantes no planejamento do clube, como contratações, infraestrutura e gestão de receitas, visto que qualquer movimentação estratégica pode ser questionada judicialmente ou bloqueada pelos sócios da holding.
Recentemente, uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo tentou forçar explicações de ex-presidentes e de Textor sobre essa relação entre clube e investidor, mas terminou sem desfecho concreto.
Cenários para o futuro da SAF
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Afastamento de Textor — Se a Justiça britânica decidir em favor da Iconic Sports, Textor pode perder controle acionário majoritário na Eagle, abrindo caminho para novos dirigentes ou venda do controle da SAF.
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Acordo de governança — Outro caminho possível é um acordo de mediação entre Textor e os sócios, redefinindo poderes executivos e participação no conselho administrativo, mantendo Textor como operador político, mas com restrições.
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Consolidação do controle de Textor — Caso ele consiga reverter as ações judiciais, reafirmar sua posição e estabilizar a governança, pode seguir comandando a SAF com autonomia.
Seja qual for o desfecho, outubro pode ser um marco decisivo no destino do Botafogo fora dos gramados — com reflexos esportivos e financeiros já visíveis.
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