Por mais surpreendente que pareça, os atletas do Botafogo são os menos responsáveis pela atual situação do clube. Isso se deve ao fato de que, no início de 2025, eles não receberam as condições adequadas e o suporte que merecem.
Portanto, é curioso ouvir que John Textor está irritado com as declarações públicas dos jogadores. Eles estão quase que “clamando por ajuda”; cabe ao clube atender a essas solicitações, e não criticar. O Botafogo não se beneficia de conflitos internos nos bastidores.
A equipe conta com uma base de campeões da Libertadores e do Campeonato Brasileiro. No entanto, esses jogadores enfrentam dificuldades em 2025, como a saída de colegas, falta de um treinador, uma preparação inadequada, a polêmica em torno das premiações e a perda da Supercopa do Brasil, além de terem sido “treinados” (sic) por Carlos Leiria em um determinado período.
Não se trata de justificar os erros, mas é compreensível a frustração do grupo. Isso se reflete até mesmo nos erros de Alexander Barboza e na expulsão de Cuiabano na derrota por 2 a 0 para o Racing na primeira partida da Recopa Sul-Americana, assim como na confusão após o clássico contra o Flamengo. Esse comportamento é resultado do excesso de vontade de compensar e da busca por vitórias a qualquer custo.
No futebol, não é tão simples quanto apertar um botão para reverter a situação. É um processo contínuo. A construção do Botafogo vitorioso de 2024 não aconteceu da noite para o dia, não começou com Artur Jorge e não se deu por ignorar os primeiros meses do ano. O time de 2025 precisa recuperar a confiança do ano anterior, o espírito vencedor e encontrar novas soluções.
Mais do que nunca, um treinador é essencial. Especialmente agora, que parece haver uma falta de liderança, com John Textor distante no início do ano, sem um diretor de futebol forte ou um técnico que possa liderar os processos. É preciso uma figura que assuma a responsabilidade pelo grupo, assim como foi Artur Jorge.
Dentro de campo, a análise é complicada devido ao contexto externo, mas faltam alternativas ofensivas. O estilo de jogo do Botafogo dependia da organização de Thiago Almada pela esquerda e do imenso talento de Luiz Henrique pela direita. Atualmente, o time carece de jogadores em boa forma, tanto para criar quanto para atacar. Matheus Martins, infelizmente, não conseguiu se destacar. A equipe se torna lenta, previsível e com poucas opções para ameaçar o adversário.
Ainda há tempo para corrigir os rumos, para brigar pela Recopa e para se preparar adequadamente para o “ano que se inicia em março”. Mas é necessário querer isso, resolver as questões internas e ter um comandante. Nem sempre será possível corrigir rapidamente os “legados” deixados por Lucio Flavio, Tiago Nunes, Carlos Leiria, entre outros.
